Será que eu sou um jovem místico?

Se você ainda não se deparou com esta expressão, em algum momento ainda irá. Existem muitas definições possíveis para o jovem místico, vamos entender um pouco o contexto e tentar descobrir se você é ou não.

O que é um jovem místico?

Sabe aquela figura, meio caricata, que vê a espiritualidade em todo lugar? Este é o jovem místico. É normal no começo de uma jornada espiritual haver excessos em relação a como enxergamos o mundo. Isto acontece principalmente o mundo espiritual. O jovem místico enxerga “sinais do universo” a cada esquina. Uma borboleta que entra pela janela, uma joaninha que pousa em sua mão, um sonho esquisito que teve em uma noite qualquer. Mais do que isso, acaba se tornando alguém que transforma todos os temas em um papo sobre espiritualidade. Como aquele pessoal que bate em nossas portas pela manhã, você sabe de quem estou falando, não é!? Então, será que isto é mesmo algo negativo e motivo de chacota?

O despertar espiritual

Foto: Arina Krasnikova

A forma como acontece é, obviamente, particular para cada pessoa. Mas podemos chegar em alguns cenários comuns deste despertar. Ao entrar na vida adulta, nos deparamos com faculdade, trabalho, contas e responsabilidades que nos colocam em um modo automático. Exceto àqueles que são praticantes ativos de alguma religião, o normal é que as pessoas simplesmente ignorem este aspecto de suas vidas. Em algum momento, um evento trará luz ao seu lado espiritual.

A partir daí, você começa a buscar mais e mais assuntos, leituras, cursos e conhecimentos. Como vivemos em bolhas digitais, suas redes sociais farão a leitura da sua mudança de interesse e lhe entregarão cada vez mais conteúdos relacionados. Este geralmente é o ponto de partida da maioria. Alguns buscaram respostas em um sistema, seja ele religioso ou filosófico. O jovem místico geralmente vai na contramão e busca uma espiritualidade livre. Isto por si só não é um problema, pelo contrário. Entretanto, é aqui que acontecem as distorções.

A raiz dos problemas

Ao optar por uma espiritualidade livre, você assume a responsabilidade de ser o seu próprio mestre. Isto não significa que não haverão mentores no seu caminho. Mas caberá a você discernir aquilo que funciona e faz sentido para você ou não. Mas, se você acabou de entrar neste mundo, como terá as ferramentas necessárias para julgar tal mérito?

Meu melhor conselho para isto é: um sistema de cada vez!

Imagine que você hoje tem um livro de bruxaria em suas mãos, amanhã o Evangelho segundo Allan Kardek, semana que vem os Vedas e assim vai. Até pouco tempo você não tinha conhecimento nenhum, e de repente está inundado de informações que em algum momento serão conflitantes. Você vai assumir crenças que não conversam entre si. Por causa disso, vai procurar sinais e confirmações o tempo todo em qualquer lugar. Pronto, nasceu um jovem místico.

Soma-se a isto o fato de que você vai querer conversar sobre isso com seus amigos. Daí entra a superexposição das redes sociais, você também vai querer postar sobre suas descobertas o tempo todo. Se antes era #sextou, agora é #namastê. As pessoas amavam acompanhar suas aventuras, mas poucas pessoas estão a fim de se espiritualizar.

Decodificando os sinais

Vamos compreender juntos como os tais sinais do universo (ou como o teu sistema de crenças queira chamar) funcionam. A primeira questão que deve ser levada em consideração é: como você se comunica? Através de meditação? Você faz contato com guias e mentores espirituais? Está usando parcialmente algum sistema (umbanda, bruxaria, espiritismo…)? Se você já faz estes contatos, muito provavelmente os sinais que receberá também virão por esta via. Aqui também entra sua própria intuição. Como qualquer outra habilidade, ela precisa ser treinada. Assim, você confiará cada vez mais e saberá discernir entre sinais reais e falsos positivos.

Outro ponto importante é pensar se você pediu por algum sinal. Nosso ego pode nos fazer pensar que a espiritualidade terá mensagens diárias para nós. Mas não é bem assim. É muito mais provável que você precise de concentração para receber estes sinais. É preciso um perigo real para que a espiritualidade venha te trazer um alerta não solicitado. Escolher entre um incenso de canela ou de patchouli não conta como urgência.

“Não somos seres terrenos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência terrena”. Se você já ouviu esta frase pode estar se questionando: “então, o universo está em tudo e todas as coisas são sinais de sua existência”. Sim, isto está correto. Mas, estamos falando aqui de mensagens diretas com significado exclusivamente para você. Separar estas coisas é o que diferencia um jovem místico de uma pessoa espiritualizada.

Trazendo o jovem místico a razão

Se você é um jovem místico e chegou até aqui, meus parabéns. Está aberto a autoanálise e pronto para dar o próximo passo. Acredito que você já entendeu que temos dois problemas raízes aqui:

  • a superficialidade nos seus estudos e vivencias e;
  • o excesso de comunicação.

Ao se aprofundar nos estudos, você terá mais ferramentas para compreender o que lhe cerca. Não estou falando apenas de leitura. Estudar é colocar em prática aquilo que aprendeu na teoria. Isto inclusive já vai te afastar da superficialidade de tentar estudar diversos sistemas ao mesmo tempo.

A outra questão é controlar seus impulsos de compartilhar suas experiências o tempo todo. A espiritualidade livre quase sempre será solitária. Seus amigos atuais não estão em ressonância com você e talvez você precise se afastar por um tempo. Quando se pertence a um grupo, fica um pouco mais fácil. Caso você não disponha deste recurso, terá que aprender a lidar com a solidão e transformá-la em solitude.

Como conselho final, deixo a sabedoria da pirâmide da bruxa que nos ensina a: saber, querer, ousar e… CALAR.

Por hoje é isso, espero que esta conversa tenha esclarecido sua mente e contribuído com o seu crescimento. Se você gosta deste tipo de conteúdo, talvez o meu artigo sobre animais de poder possa te interessar. Espero você nos próximos post!

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